A dinâmica da vida escolar é muito complexa, esse argumento não se contradiz. Em sala de aula os professores tomas decisões constantemente no que tange ao que fazer, como fazer o que fazer, como responder a uma pergunta aparentemente inesperada, como responder a uma conduta, como estimular um aluno pouco envolvido durante acontecer da aula, como gerir a classe entre muitas outras situações que se apresentam.
Todas estas respostas as mais diversas situações que se apresentam na vida escolar deverão fazê-la em um contexto em que a decisão e a responsabilidade em tomar alguma direção ou outra dependerão de seus próprios critérios. É comum alguns professores exigirem que lhes sejam fornecidas receitas, que lhes apontem e esclareçam o que fazer em cada situação que se apresente no contexto da sala de aula. Mas, sabemos que isso é inviável, porque o ensino move-se sempre em um contexto de incertezas.
Assim, a dinâmica viva de uma sala de aula são seus dilemas. Estes vêm disfarçados algumas vezes de possibilidades distintas, de alternativas e opções que poderiam ser adotadas em cada caso em particular que se desfralda em classe. Outras vezes eles vêm formulados na forma de inseguranças pessoais ou de falta de recursos que dificultam qualquer tipo de decisão.
É inegável, os dilemas fazem parte da vida cotidiana nas salas de aula e transformam-se em desafios para a profissão docente, porém estes desafios, podem construir espaços de significativa aprendizagem profissional. Desta forma entende-se que os dilemas sejam um extraordinário instrumento para análise e a melhoria das aulas.
Para Miguel Zabalza em Os dilemas Práticos dos Professores, em artigo da Revista Pátio, n° 27 Ago/Out 2003, pode-se dizer que se está diante de um dilema quando se tem de enfrentar uma situação bipolar, ou seja, com duas situações possíveis, ou multipolar, com muitas alternativas possíveis, que é apresentada no desenvolvimento da atividade profissional de docentes.
A complexidade na vida diária e no fazer em sala de aula apresenta dimensões objetivas e subjetivas. Para Zabalza, algumas situações são mais complexas que outras justamente em função do conjunto de elementos ou variáveis que agem sobre elas. De qualquer forma, as aulas são contextos de ação marcados por uma forte complexidade. Por isso é atribuído às aulas três fontes de complexidade:
Multidimensionalidade: o que se faz nelas serve a uma ampla e variada rede de propósitos e contém uma gama de assuntos e processos;
Simultaneidade: ocorrem muitas coisas e ao mesmo tempo no interior de cada classe;
Imprevisibilidade: seria ingenuidade conhecer de antemão como o processo evoluirá.
Por outro lado, isso faz com que a ação docente seja atrativa e interessante, e, por outro lado, dotada de incerteza e ansiedade, conclui Zabalza.
Os dilemas são respondidos em ações concretas que os professores devem abordar no desenvolvimento de suas aulas. Pode se ter a pretensão de que, se a ação docente é bem planejada, não surgirão problemas. Santa ingenuidade! Porém é sabido que isto não costuma acontecer. Por serem sistemas abertos, as aulas vêem-se afetadas pelo princípio da equifinalidade, ou seja, o desenvolvimento do processo não dependerá das suas condições de início, e sim, afirma o autor, da forma como é desenvolvido.
Em geral, os dilemas não têm formas fixas de resposta. Cada situação é única e apresenta características particulares. Normalmente, os professores vão construindo o seu estilo de enfrentar os dilemas na prática.
Concluindo, as aulas são aspectos especialmente complexos e dilemáticos e os professores precisam compreender que a sala de aula é um espaço em aberto, incerto e imutável e que ensinar é algo como mover-se profissionalmente em espaços problemáticos, por isso, a capacidade de reflexão unida a um planejamento aberto surge sempre como uma condição profissional atual necessária.
Oi Luciano,
ResponderExcluirPrcebi que vc realmente gostou dos textos do nosso módulo do estágio. Pretendo trabalhar essas reflexões sobre os dilemas no percurso. Como vc já leu e postou, procure ficar atento aos dilemas que irão surgir, e buscar estratégias de enfrentamento. Essa discussão está em total sintonia com a questão do professor pesquisador.
Ótimas reflexões.
Beijos,
Socorro