sábado, 7 de março de 2009

MINHAS FONTES PRÉ-PROFISSIONAIS



No nosso cotidiano muitos ditados populares são construídos em resposta às perguntas que a própria vida nos coloca.
Algum ditos populares encerram as suas certezas, seus esquemas estrurados onde nada entra e nem foge à sua estrutura.
Não gosto de pensar assim. Não compreendo nada como establecido, encaixado sem que não se possa mexer. Por isso contesto alguns ditados populares que nos "destinificam" como se a vida fosse algo pronto e acabado. Bom, mas tem um ditado que diz:"filho de peixe, peixinho é" Sou filho de professora e venho de uma família formada no magistério. Também esse deveria ser o meu "destino"? Claro que não. A vida é uma mutação constante e tudo o que somos, só somos a partir de todo um aparato bio-antropo-sociológico. Acredito na relação de construção humana na sua tessitura com os outros. Com o igual a mim e também com o totalmente diferente.
Não acredito em destino. Acredito em escolhas que vão nos moldando como massinha nas mãos de criança a nossa tragetória humana. História sempre construída e nunca determinada e acabada.
Quero desconstruir o ditado popular. Quando pequeno gostava de ver minha mãe lecionar. Quando ia visitá-la no colégio onde ensinava gostava de ficar na sala de aula imaginando também ser o professor. Outros caminhos poderia ter caminhado, a minha vida sempre foi algo em aberto. E assim aconteceu. A minha abertura para a vida e minha construção como pessoa e como profissional tomou outra via. Já jovem enquanto meus colegas do antigo 3° ano científico se perturbavam em esquentar a cabeça na escolha de uma profissão para orientar sua vidas, eu já tinha uma escolha decidida e sacramentada. Queria ser padre, algo que fugia totalmente as regras de jovem que quer prestar vestibular para as mais diversas profissões.
Em 1998, com 17 anos de idade com as muitas experiências de vida junto aos padres e freiras no acompanhamento evangelístico aqui em Jequié decidir ser padre e assim entrei para o Convento dos Frades Menores Capuchinos. Acredito piamente que cada dia traz consigo as suas surpresas carregadas de tantas possibilidades. As opções podem ser muitas, cabe escolhermos uma entre tantas que nos são oferecidas. Permaneci nesta estrada por 6 anos quando em 2003 as correntezas do rio da vida arrebentaram a represa e fui empurrado para fora pelas águas das minhas escolhas. Fui enviado para casa e o sonho acabou. Acabou porque tinha apostado minha felicidade nele. Acreditava que a única condição para ser feliz era ser consagrado. Hoje tudo isso foi desconstruído e que bom que assim aconteceu.
Busquei outro caminho, fui tentar o tão sonhado vestibular que meus colegas de 3° ano científico buscavam e eu não dava tanta atenção na época. Passei em Pedagogia, curso escolhido acredito porque se identificava um pouco com o ofício de mestre, do ensino, da catequese etc.
Ao longo do curso em cada semestre a pergunta que cada professor fazia na primeira semana de aula na Universidade era:"Qual o seu nome, porque escolheu Pedagogia e se já tinha experiência na área". Sempre respondia que tinha escolhido Pedagogia não de forma aleatória mesmo sabendo que as nossas escolhas no fundo nem sempre são de fato totalmente nossas no sentido estrito da palavra. Muitas escolhas também são circunstanciais.
Sou apaixonado pelo curso, com ele, aprendi a me desconstruir, aprendi a romper com muitos tabus dogmatizantes e doutrinantes que me encarceravam. Acredito que o curso de Pedagogia antes de formar um profissional para a ciência da educação, busca formar o ser humano, humano e politizado. Assim aconteceu comigo e a contribuição se deu por muitos profesores que caminharam na minha estrada. Colhi ao longo deste curso muitas "afirmações" em busca da minha "batida perfeita", em busca da minha harmonia desarmoniosa, da minha construção desconstruída, do meu ser, da minha identidade complexificada. Assumi alguns imperativos como autonomia fazendo perder a anomia, acreditei no devir e no ser sujeito de história própria feliz por estar sendo porque Eu sou sem Medo de Errar. Agora este é o meu lema. Aprendi a ser categórigo em racionalizar minhas emoções e sentimentos para não ser tão burro no que me imbeciliza. Hoje estou em paz com minha identidade do agora. Identidade humana, sexual e profissional com a responsabilidade que tomo a minha vida em minhas mãos para dignificá-la no ser diferente, no fazer escolhas que fogem ao convencional, ao estabelecido, ao dito instituído o que em nada me fazem menor se assumo com dignidade e responsabilidade este estado de estar sendo.
Em meu processo formativo muitas foram também as teorias que me ajudaram neste processo. Ganhei muito com a Filosofia, com a Psicologia e com a Sociologia principalmente. Ajudaram na formação de novos conceitos teóricos que logo me identifiquei. Primeiro Nietzsche,filósofo alemão, depois Pedro Demo, brasileiro e em seguida Edgar Morin, sociólogo francês e depois bem recente Zygmunt Bauman, sociólo polonês de Varsóvia. Tantos outros, assim como outras leituras também contribuíram, mas estes continuam sendo os principais.
A vida tecida em cada encontro humano e profissional insiste em contar os seus dias. Não sei viver diferente. Sou do agora mas nem sempre consigo me presentificar. Sou sempre lançado para frente. Por ser histórico, necessito de um tempo onde a vida se conjuga passando, ficando e eternizando. Costumo entender que não sei ficar, quero passar ficando e ficando contribuindo mesmo que no meu muito ou pouco a feitura do outro também. A paralisia me amedronta. Quero mesmo é passar e entender a permanência como algo escorrendo e escoando. O que eu quero cabe em minhas mãos.

Luciano Medrado. (Graduando em Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Universitário de Jequié/BA.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário