segunda-feira, 9 de março de 2009

O OUTRO EU NO OUTRO



"O importante é ressaltar que, para conhecer como o outro experimenta a vida, faz-se necessário o exercício sensivelmente difícil de sairmos de nós mesmos. Há que nos desdobrar-nos, revirarmos, suspendermos preconceitos, criticarmo-nos, abirmo-nos a certa violação de habitus sagrados e solidificados da sociedade do “eu”. Experiência intestina e radicalmente relacional da intercriticidade". (MACEDO, 2006)

Todos nós trazemos um mundo ou o mundo dentro de nós. É impossível tecer comentários e até juízos de valor sobre alguém ou alguma coisa sem nos desprendermos desta condição. Ninguém é neutro. Mas dentro da perspectiva do enunciado é mister para compreender o outro suspender sim os nossos juízos pré concebidos. Cada pessoa ou "coisa" se revela a preenhe de significados pessoais. O outro é sempre totalmente outro e diferente de mim. E precisa haver respeito nisso.
Entender o outro na sua condição de outro é uma maneira de uma convivialidade humana desejada. Gostei quando o professor Macedo utilizou a palavra "suspender" para se referir ao ato cognoscível. Conhecer o não igual a mim é realizar este exercício constante de suspenção de conceitos prontos e estabelecidos para ir ao encontro do outro, experimentá-lo em sua individualidade-singularidade e saber aprender com ele. Esta é uma tarefa de disciplina para amenizar tantos estereótipos que amarram o viver humano.
O período de estágio é um laboratório constante desta postura. É colocar em suspensão a ideia do outro em sala de aula, nos corredores e do locus escolar. O estágio é sempre via de mão dupla e que bom que é assim. A vida humana é feita de trocas. Fechados em seu individualismo e temendo perder a humanidade não partilha seu saber com receio deste ser "roubado". Ignorantes os que pensam assim. Cada partilha é sempre um galho de ambos os lados. Sempre é acrescentado a mim o que antes do encontro e da experiência eu não tinha e sempre ofereço o que de mim tenho para quem comigo quer se encontrar.
Por fim o imprescindível: "abirmo-nos a certa violação de habitus sagrados e solidificados da sociedade do “eu”". Saber violar, ousar, abrir as portas para o sempre novo.

Luciano Medrado. (Graduando em Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Universitário de Jequié/BA.)

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